emily dickinson

Uma palavra morre Pois eu digo
Quando é dita Que ela nasce
— Dir-se-ia Nesse dia.

sábado, 24 de abril de 2010

detalhes - roberto carlos

"eu sei que um outro deve estar falando ao seu ouvido palavras de amor como eu falei, mas eu duvido. duvido que ele tenha tanto amor, e até os erros do meu português ruim, e nessa hora você vai lembrar de mim... a noite envolvida no silêncio do seu quarto, antes de dormir você procura o meu retrato, mas da moldura não sou eu quem lhe sorri, mas você vê o meu sorriso mesmo assim. e tudo isso vai fazer você lembrar de mim... se alguém tocar seu corpo como eu, não diga nada. não vá dizer meu nome sem querer à pessoa errada. pensando ter amor nesse momento, desesperada você tenta até o fim a até nesse momento você vai lembrar de mim... eu sei que esses detalhes vão sumir na longa estrada do tempo que transforma todo amor em quase nada. mas "quase" também é mais um detalhe, um grande amor não vai morrer assim. por isso de vez em quando você vai, vai lembrar de mim."



"É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas. É tão silencioso. Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois? Dificílimo contar. Olhei pra você fixamente por instantes. Tais momentos são meu segredo. Houve o que se chama de comunhão poerfeita. Eu chamo isto de estado agudo de felicidade."

Clarice Lispector


eu olho pra você fixamente por horas, na minha perfeita segurança de quem senta atrás do computador com a webcam embutida devidamente coberta e sabe que nunca vai ser descoberta. eu olho pra droga do seu alargador pequeno, para o seu cabelo que desafia as leis da física, pra sua barba que mesmo não sendo do jeito que eu gosto, achou uma maneira de se fazer agradável, olho pras pintinhas que você tem e que eu nunca soube. e que eu nunca saberei do jeito certo de se descobrir pintinhas escondidas, que é de perto, encontrando com as pontas dos dedos com o toque mais delicado possível. eu te olho tão parado, tão calado, que me deixa ainda mais triste. eu olho toda a impossibilidade de descobrir suas pintinhas, e eu fico triste. eu olho cada detalhe seu que eu nunca iria olhar se não fosse mexeriqueira e você não escrevesse seu nome inteiro nos perfis de redes sociais. e eu me cerco com toda minha infelicidade até lembrar que me prometi ser feliz. não, eu não vou ficar olhando suas fotos que eu guardei tão inocentemente, nem reler as cartas que eu escondi tão bem, não vou olhar o histórico do msn, nem entrar no album que tem os seus desenhos e ficar pensando em como você é tão foda e no quanto eu queria que um desenho seu fosse feito pensando em mim... eu prometi. eu prometi. então eu fecho as pastas, guardo as cartas, saio da internet e recoloco no lugar o meu sorriso apático acompanhado pela minha detestável felicidade de mentirinha.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

sobre a espera, o tempo e o infinito - I

"_ E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria o suficiente para modificar nossos roteiros.
Silêncio.
_ Mas não seria natural.
_ Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
_ Natural é encontrar. Natural é perder.
_ Linhas paralelas se encontram no infinito.
_ O infinito não acaba. O infinito é nunca.
_ Ou sempre."

(morangos mofados)



Faltavam quinze para as oito, e faltava uma resposta para a pergunta que ainda ecoava no ar que ocupava o pouco espaço entre seus corpos.
_ Eu não sei. - E é esse não saber do outro que a deixava louca, porque se ele não sabe, quem sabe? E no fim das contas ninguém realmente sabe, mas todo mundo finge saber.
_ Então eu também não sei.
_ Mas você disse...
_ Esquece o que eu disse.
_ Como esquece? Você disse qu-
_ Eu disse, e estou des-dizendo agora. Se você não sabe, eu não quero saber. Se você não ta dentro, eu quero estar fora. Eu quero querer estar fora... Tão fora quanto você.
_ Eu não disse que estou fora.
_ E não precisa, dá pra ver.
_ Mas eu não estou fora, eu estou a um passo de estar dentro.
_ Um passo hesitante, que é o mesmo que estar fora.
...
_ Um passo pode te parecer pequeno, mas pra mim, que espero, que aguardo o seu alcance, é enorme. É todo um infinito que separa o dentro e o fora, longe e o perto, o juntos e o separados.
_ Então é o fim?
_ Não! É o começo.
_ Começo do que?
_ Do fim, oras.
...
_ Estamos caminhando para o fim.
_ Ainda? Então ainda da tempo de mudar o rumo e seguir de volta para o começo?
_ Começo do fim?
_ Não, começo do começo...
_ Não.
_ Não o que?
_ Não da pra voltar pro começo do começo, porque a gente já chegou no começo do fim, e você está fora, e eu estou saindo.
E tendo dito aquilo que não queria desde que a distância entre os dois cresceu tanto quanto o cabelo dela naqueles meses, ela saiu.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

put your records on - corinne bailey rae

"blue as the sky, sunburnt and lonely. sipping tea in the bar by the road side (just relax, just relax) don't you let those other boys fool you, gotta love that afro hairdo. maybe sometimes, we feel afraid, but it's alright. the more you stay the same, the more they seem to change, don't you think it's strange? girl, put your records on, tell me your favorite song. you go ahead, let your hair down. sapphire and faded jeans, i hope you get your dreams. just go ahead, let your hair down. you're gonna find yourself somewhere, somehow."


cansei. das lágrimas, da tristeza. cansei dos textos dramáticos, do coração apertado. eu estou começando de novo, tentando de novo. tenho uma vida inteira pela frente e um sorriso enorme enfeitando meus lábios, tenho os melhores amigos que eu nunca quis ter e os sonhos mais estranhos. eu tenho tudo o que eu preciso pra voltar e fazer tudo certo dessa vez, pra virar à direita onde segui pela esquerda e encontrar a felicidade onde encontrei a dor. minhas palavras vagas ainda não se acostumaram a minha nova posição em relação à vida e teimam no obscuro, na melancolia. vai levar um pouco de prática, tempo e paciência até minhas linhas se ajustarem e se reencontrarem, mas eu sei que o futuro será feliz, sei que vou fazer funcionar. isso de ser feliz, sabe? ainda terei minhas recaídas, vou chorar de noite e me deprimir assistindo grey's anatomy. mas só, nada muito sério, nada definitivo e grave. porque eu me dei conta de que eu tenho só quinze anos, não sessenta e cinco; e que todas aquelas nuvens só existiam na minha mente, no meu jeito distorcido de ver as coisas. e agora - só agora - eu decidi que mesmo sendo mais fácil aceitar a chuva eu vou lutar pelo dia ensolarado.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

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sem palavra próprias hoje :D



tola que eu sou, por ter me apaixonado por você. e tola que eu sou, por pensar que você me amava, também. você pegou meu coração e depois agiu como um sedutorzinho. e todos os meus sonhos simplesmente desapareceram como a fumaça de um cigarro. tola que eu sou, por esperar que você entendesse. e pensando em você, e escutando também e, oh, todas as coisas que eu havia planejado. mas não podíamos ver olho no olho, então, querido, querido, querido, isto é um adeus. mas eu ainda me importo, mas eu ainda me importo, e oh, tola que eu sou. oh, mas eu ainda me importo, tola que eu sou.
(adele)

me sirvo uma xícara de café para uma noite sóbria, porque nicotina e café são meus amigos nessa luta. e você, você me mantém aquecida. você, você me mantém aquecida. todos os seus cigarros e xícara de café, isso me mantém aquecida. acredite, eu posso jogar porque conheço todas as regras. acredite, eu posso fingir porque eu estudei as máscaras. mas não quero pregar nenhuma peça em você, não quero encenar nenhuma peça pra você. oh você, você me mantém aquecida, você, você me mantém aquecida, todos os seus cigarros e xícara de café, isso me mantém aquecida. não, eu não quero pregar nenhuma peça em você, não quero encenar nenhuma peça pra você.
(ida maria)

o que você vê não é o que você consegue, com você simplesmente não há medida, não tem como saber o que é real e o que não é. seus olhos brilham, tudo isso se transformou em mentiras que caem como chuva ácida, você tirou o melhor de mim. você não se importa. você sabe que fez isso. eu fui procurar alguém para eu viver nesse mundo, não há luz no final do túnel esta noite só uma ponte que eu tenho que queimar. você está errado se pensa que pode entrar pela minha porta. isso é tão você, voltando quando eu finalmente segui em frente. eu já fui. algumas vezes quebrado, nunca aberto, nada importa quando você está magoada, essa era eu quando estava com você. sempre terminando, sempre acabando, pra lá e pra cá, pra cima e pra baixo como uma montanha-russa. eu estou quebrando esse hábito hoje. não há nada que você possa dizer, desculpa não resolve, meu bem. pegue sua insinuação e vá embora porque eu já fui. não importa o que você faz, foi o que você fez que está te machucando, tudo o que eu precisava era a verdade. agora eu já fui.
(kelly clarkson)

quando nós costumávamos dizer boa noite eu sempre te beijava e abraçava apertado, mas ultimamente você não parece se importar, você fecha a porta e me deixa ali parada. oh, querido, isso não é justo. é isso, eu desisto, estou seguindo em frente. outra noite nós marcamos um encontro, você apareceu dua horas atrasado e pensou que seu cabelo estava exatamente no lugar, alguém borrou o batom no seu rosto, oh, alguém borrou em todo lugar. é isso, querido, eu desisto, estou seguindo em frente. você me fez te querer, você me fez te abandonar, você me fez tropeçar e me apaixonar, mas se eu não posso ter você do jeito que eu quero, eu não te quero de jeito nenhum. baby, eu posso aguentar muito porque eu amo tudo em você e apesar de seus beijos me preencherem se você tem outra pessoa eu tenho que ir. disso você sabe. é isso, querido, eu desisto, estou seguindo em frente.
(adele)