emily dickinson

Uma palavra morre Pois eu digo
Quando é dita Que ela nasce
— Dir-se-ia Nesse dia.

domingo, 12 de setembro de 2010

warning sign - coldplay

"a warning sign. i missed the good part then i realised i started looking and the bubble burst, i started looking for excuses. come on in, i've got to tell you what a state i'm in, i've got to tell you in my loudest tones, that i started looking for a warning sign. when the truth is i miss you, yeah, the truth is that i miss you so. a warning sign, you came back to haunt me and i realised that you were an island and i passed you by, and you were an island to discover."



Às vezes minha arrogância não deixa e eu queria me cortar. Ela não deixa e eu queria cortar alguém. Ela não deixa e eu quero pular da janela, dormir meses, tratar alguém mal, pouco me importar, quebrar tudo, fazer algo terrível, nunca mais fazer nada. Ela não deixa e eu passo meu batom e vou disfarçar meu desespero por aí. Minha arrogância não admite, não permite, mas não é nada disso, é só tristeza. Eu estou triste de uma tristeza absurda. Muito triste. Quase não dá pra suportar, mas dá. Eu nem choro porque é daquelas tristezas que o choro sai em berros e eu ainda estou na casa da minha mãe, não posso berrar assim, do nada. E nem resolveria. Nada resolve. Triste. Só isso. Ninguém vai morrer e nem eu. O pintor terminou a parede lilás e eu vou pagar o pintor. O Kiko me arrumou um freela e eu vou fazer. Hoje tem a festa do Rodrigo e eu vou. Amanhã vou apresentar o começo da minha peça de teatro e talvez eu sinta uma quase alegria. Mas aí vou ficar triste porque minha pouca alegria, esse soprinho de vida, me lembra que depois vem isso. Essa coisa ruim. E piorada. Então nem subo pra não descer. Fico aqui, na minha catatonia de tristeza. Porque a tristeza, pra me desesperar mais ainda, não tem desespero. Ela é o que é. E as coisas sem desespero é que são verdadeiramente tristes. Ser normal é isso. Madura. Mulher. É combinar com o marceneiro a largura da prateleira querendo morrer. É dar seta e virar a direita querendo morrer. É levar a nota fiscal querendo morrer. É passar as notícias do jornal fazendo xixi e querendo morrer. E não morrer. É sentir a maior loucura do mundo dentro de si, a maior dor do mundo dentro de si, a maior preguiça do universo dentro de si, e simplesmente apertar o andar do apartamento no elevador marcando dez da noite, comer um quiche, combinar o ano novo, deixar uma frestinha aberta, trocar a sandália, alinhar os livros. Odeio o mundo estragado em que vivo. A yoga não me dá nenhuma paz, os amigos não tiram essa bola de pêlo cortante da minha goela, reuniões de trabalho ou de comemorações são sempre intermináveis e com pessoas que parecem mais vivas e felizes do que eu, ou exatamente o contrário, dormir é acordar de meia em meia hora e repensar de novo e de novo e de novo. Odeio morar dentro de mim, esse ser que sou eu e que não me faz feliz e nem me deixa dormir. Esse ser que está sempre em outro lugar, no lugar de sentir todas essas coisas. No único lugar de sempre, esperando, esperando, doendo, doendo, cheio de si nos dois sentidos. Mas é a arrogância de novo. Querendo odiar. Querendo entender. Querendo doer mais que todo mundo, querendo não ser. Mas não é ódio e nem nada. É tristeza. Muita. E uma vontade enorme de sair daqui. Uma vontade minúscula perto do tamanho da minha tristeza. Eu que sempre vou embora de todos os lugares, acabo sempre chegando a conclusão que a tristeza é o único lugar do qual jamais se vai embora. Quero fazer alguma coisa. Botar uma música, racionalizar, me dopar, me agarrar em outras coisas, exorcizar tudo. Nada, nada. A tristeza fica lá, sentada no meu peito, imperial, enorme, antiga, centenária, senhora do mundo, gigantesca, verdadeira, absurdamente verdadeira. Dizendo que não tem jeito não. É isso ou ser arrogante demais pra não existir. Então, é a tristeza. Como se isso fosse alguma coisa pouca, ainda que seja absurdamente só.


(Tati B.)

acho incrível como ela sabe escrever exatamente o que eu sinto.

sábado, 11 de setembro de 2010

my party is better than yours - emmy the great II

"i'm having a party but you're not invited, pizza and fizzy-pop it's all so exciting. sardines and musical chairs, what a shame that you're not here, but you're not my friend anymore. you've made your position quite clear from your distance, what crime have i done that negates my existence? me and all of my other chums, will sit and talk till the evening comes, cause you're not our friend anymore. we'll have fezzek and everyone leaves with a present, kisses and hugs, it's so pleasant, peaceful, and i... i hate you, i hope that you die. i'm having a party and i hope that you know this, spend friday alone and pretend not to notice. all of the stupid things you've done, i know and i'm telling everyone, cause you're not my best friend anymore. and tomorrow i will find a new friend from the new friend shop, and my friend you are not and i hate you as much as i miss you."


em tempos mais simples eu iria correr para os seus braços e a gente ia combinar de assistir algum filme engraçado e romântico que ia nos fazer chorar e depois a gente ia conversar até encontrarmos nosso sono. em tempos melhores, eu sabia que você - de todas as pessoas no mundo - iria me entender, me acolher, saber exatamente o que falar e o que fazer. em tempos mais felizes, você seria a parte de mim que vivia em outra pessoa, seria minha certeza no meio da confusão que sempre me rodeou. mas os tempos simples, melhores e felizes nunca duram, certo? hoje - nesses tempos sombrios - eu não tenho mais nada. e no fundo, eu não me importo tanto quanto queria ou deveria, porque eu desenvolvi essa super capacidade de deixar meus sentimentos em um absurdo estado de dormência, mas eu ainda te odeio por me abandonar quando eu mais preciso e não saber como me trazer de volta desse buraco negro que eu chamo de vida no momento, quase tanto quanto eu sinto sua falta. nossa falta.

sábado, 4 de setembro de 2010

swallowed in the sea - coldplay



"you cut me down a tree and brought it back to me, and that’s what made me see where i was going wrong. you put me on a shelf and kept me for yourself. i can only blame myself, you can only blame me. and i could write a song a hundred miles long, well, that's where i belong and you belong with me. and i could write it down or spread it all around, get lost and then get found or swallowed in the sea."


Maybe that's it. Maybe I wasn't meant to have friends and lovers and people around. Maybe I'm just here to be lonely and cry and having olny movies, books and music for comfort. Maybe I wasn't built the right way and that's why I'll never fit anywhere, no matter how hard I try or how much it hurts. Perhaps there's somewhere out in the space where a bunch of people made just like me are happy and laugh together and have nice cups of coffee sitting in their big yards with all those trees around, and they just sent me to the wrong world and that's why now I'm so fucking lost and miserable.


"a solidão às vezes é tão nítida como uma companhia"


Não sei porque mas às vezes escrever em inglês me conforta mais do que em português.


Bem, fiquei mil anos sem postar aqui porque estava sem tempo. Ou sem paciência. Nada mais me agrada, nada mais me satisfaz, então escrever aqui havia se tornado só outro hábito sem sentido. Mas eu espero que isso tenha passado, ou esteja passando.




sábado, 14 de agosto de 2010

chanson triste - carla bruni

"chanson juste pour toi, chanson un peu triste je crois, trois temps de mots froissés, quelques notes et tous mes regrets, tous mes regrets de nous deux, sont au bout de mes doigts, comme do ré mi fa sol la si do, c'est une chanson d'amour fané, comme celle que tu fredonnais. trois fois rien de nos vies, trois fois rien, comme cette mélodie, ce qu'il reste de nous deux, est au creux de ma voix, comme do ré mi fa sol la si do, c'est une chanson. c'est une chanson en souvenir, pour ne pas s'oublier sans rien dire, s'oublier sans rien dire."



foda essa depressão que parece que nunca mais vai sair de mim e está se transformando nessa raiva fora do comum que me dá vontade de esquartejar cada ser que tenha a habilidade de respirar. porque eu não consigo respirar, não mais, nunca mais. ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio ódio :'(

cada poça dessa rua tem um pouco de minhas lágrimas - fresno

"você vai dizer eu não fiz por mal, eu não quis te magoar. e eu vou dizer que seria ideal fugir, te abandonar, pra sempre, pra sempre. começa a chover (começa a chover) e a lágrima vai se misturar com a água que cai do céu. e ao anoitecer (e ao anoitecer) em vão eu tento encontrar o que de mim você levou pra sempre, pra sempre. perdoa por eu não poder te perdoar, dói muito mais em mim não ter a quem amar. ecoa em mim o silêncio dessa solidão, pudera eu viver sem coração. viver sem você (você, você) sem você (sem você) viver sem você. em cada poça dessa rua você vai me ver, em cada gota dessa chuva você vai sentir minhas lágrimas, minhas lágrimas. e a cada dia da sua vida você vai chorar, lágrimas sofridas que não vão somar um décimo do que eu sofri, o quanto eu sofri"



três meses sem falar com você, calculando cada palavra que eu iria usar quando você voltasse e nós tivéssemos outra de tantas brigas. você perdeu o meu aniversário. perdeu minha descoberta de novas amigas, novos livros, novos seriados, novos filmes. perdeu minha vergonha por ter que dançar lady gaga em uma apresentação estúpida, minhas notas baixas, minha viagem com minha amiga que podia ser uma chance de te encontrar. perdeu várias namoradas da helô, várias depressões da helô, e várias depressões minhas. perdeu o momento de paz familiar que se estabeleceu aqui em casa, meu recém-descoberto amor por animais, meus cílios postiços. perdeu a fase que todo mundo começou a namorar e eu odiei todo mundo ainda mais, o show do nando reis que foi lindo, o show da maria cecília e rodolfo em que fui assediada sexualmente e acabei com um corte na boca, um brinco a menos e o rosto todo babado. perdeu meus sapatos de travesti, minhas unhas postiças, meu novo corte de cabelo. perdeu todos os meus momentos felizes, meus momentos tristes, meus momentos fúteis. [...]



depois dessa parte tem todo um texto ENORME aqui, mas eu to tão triste e tão confusa e tão desesperada e perdida, que eu não vou postar. eu nunca mais vou postar sobre ele ou sobre meus sentimentos em relação a ele. e se eu postar alguém pode vir aqui em casa e me bater :)


nota de rodapé: mudei o banner pro antigo. preguiça de fazer outro e mimimi u_u

domingo, 8 de agosto de 2010

i want you - kings of leon

"home-boy's so proud, finally got the video proof, the night vision shows she was only duckin the truth. it's heavy i know, black guy with the gift down below, a choke and a gag, she spit up n came back for more... she said i want you, just exactly like i used to and baby this is only bringin me down... she said i want you. i want you, just exactly like i used to and baby this is only bringin me down... i said i want you, just exactly like i used to, and baby this is only bringin me down."




Ai! Pobre coração! Assim vazio
E frio
Sem guardar a lembrança de um amor!
Nada em teus seio os dias hão deixado!...
É fado?
Nem relíquias de um sonho encantador?


Não frio coração! É que na terra
Ninguém te abriu... Nada teu seio encerra!
O vácuo apenas queres tu conter!
Não te faltam suspiros delirantes,
nem lágrimas de afeto verdadeiro...
É que nem mesmo — o oceano inteiro —
Poderia te encher!...


(Castro Alves)

i love you more than you will ever know - nsn

"oh, i know that i am here and you are there, but we still have our love. we move just like the moon and sun, the sun comes up, the moon rolls down, a world apart but they don't make a sound, they know their love spins us round. i've been to heaven, i've been to hell, i've been to vegas and god knows where, but nothing feels like home, like you, babe. i love you more than you will ever know."


eu lembro que quando era pequena você chegava em casa com aquela bala de caramelo, pringles e coca cola, e eu sabia que naquela noite a gente ia assistir os filmes repetidos da disney até tarde e eu ia me sentir a garota mais sortuda do mundo, porque você era o meu super-herói e eu me orgulhava tanto de cada coisinha que você fazia. mesmo quando você não acreditou que eu já tinha aprendido a ler, mesmo quando você casou com a mulher mais ridícula que já existiu, mesmo quando você ia assistir filmes de terror com minha irmã e eu ficava sozinha no quarto, com medo sem nem ter visto uma cena do filme. eu escrevia cartinhas com aquela letra de criança toda torta e enorme todo dia dos pais, e eu falava que te amava o tempo todo, e eu sei que nós éramos próximos e felizes. mas o tempo passou e a gente já quase não se vê, eu nem lembro o último filme que vimos juntos. eu cresci e nossas vidas ganharam todo esse aspecto de segredo, você não sabe de um terço dos meus problemas nem dos meus sentimentos confusos e eu não sei como nem quando você começou a namorar minha nova madrasta, mas já fazem anos e eu conheci ela há tão pouco tempo. eu nunca mais disse que te amo, nem você que me ama. eu não sei bem o porquê disso e nem quero tentar entender toda essa coisa de adolescentice e afastamento dos pais, mas eu queria dizer hoje pra você que eu te amo muito e eu não seria nada sem você e que você ainda é meu
super-herói, meu papaico (omg, esse apelido era mt ridiculo e eu tenho vergonha de explicar porque te chamava assim), o homem que eu mais admiro no mundo e que eu me orgulho infinitamente de poder te chamar de pai.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

favourite colour - tokyo police club

"so tell me what's, tell me what's your favorite color, tell me your favorite color. tell me how's, tell me how's your younger brother, what grade's he in? go back to the rooftops, to the homes in the town, your brother had started to say, go back to the rooftops and kick the shingles down, cause the days and the nights are the same and the weather complains. oh, the least you could do is try and act surprised, try not to write, but you're here for the chase and next year's a ways away. so tell me what's, tell me what's your favorite color, tell me your favorite color. tell me how's, tell me how's your younger brother, how's your younger brother? tell me what's the first, very first record you owned. cause i've got no plans for dawn, no plans for dawn."




Era uma vez, numa terra muito distante, uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima.
Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico. Então, a rã pulou para o seu colo e disse: "Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo. A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre..."
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:
- Eu, hein? Nem morta.


Luis Fernando Veríssimo

quarta-feira, 14 de julho de 2010

swim in silence - paramore

"meet me here beneath the burning skies, where the ocean comes and takes us from all of our lies. you never said that you were coming back, i have waited although i have found the place you hide. what keeps you so far away? we can swim in silence, you can pull me under, i will not come up for anyone. i can slowly sink and watch you as you leave, but i will drown until you care. i will drown until you care. i imagine what it must be like, to have everything you need and not be satisfied. run the water until it burns and you cant see through the waves that crash into your prey. what keeps you so far away? we can swim in silence, you can pull me under, i will not come up for anyone. i can slowly sink and watch you as you leave, but i will drown until you care."




— Você tem um cigarro?
— Estou tentando parar de fumar.
— Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
— Você tem uma coisa nas mãos agora.
— Eu?
— Eu.

(Caio F. Abreu)

terça-feira, 13 de julho de 2010

your heart is as black as night - melody gardot

"your eyes may be whole, but the story i'm told, is that your heart is as black as night. your lips may be sweet, such that i can't compete, but your heart is as black as night. i don't know why you came along at such a perfect time, but if i let you hang around, i'm bound to lose my mind. cause your hands may be strong, but the feeling's all wrong, your heart is as black a night."




"Eu não consigo simplesmente deixar morrer e nascer de novo. Porque todos os dias eu nasço de novo, com a esperança que a tristeza fique na outra vida. Mas a tristeza nasce comigo. E nós saímos para trabalhar, comprar pão ou sonhar em explodir o prédio do pagode. Sempre de pé. Somos dois animais de pé. Um ao lado do outro. Dentro do outro. Em cima do outro. Mas sempre juntos. Mesmo quando a alegria ocupa todos os espaços. Ainda assim a tristeza está lá, disfarçada de alegria. E a ausência da tristeza é apenas uma linha de trem. Anunciando que o trem existe, só saiu por um tempo. Daqui a pouco ele volta, maquinando, bufando e atropelando minha cabeça. E o trem corre deitado, mas eu sigo em pé. Afinal, seria um absurdo uma menina com uma vida tão boa não seguir assim.
E nunca ninguém desceu do morro em bando para me matar. Mas eu sinto a morte me sufocando quando vou da Barra para a Zona Sul. E nunca ninguém botou uma arma na minha boca no farol da Henrique Schaumann. Mas eu sinto um gosto de pólvora misturado a lanche de restos mortos quando passo em frente ao Big X Picanha. E nunca ninguém me odiou ao ponto de me matar, mas eu me sinto morta todas as vezes que alguém deixa de me amar. E eu não estava naquele avião e nem naquele buraco. E nem tem terremotos na minha cidade. Mas nem por isso eu me sinto voando. Mas nem por isso eu deixo de sentir a terra em cima da minha cabeça. Tudo a minha volta treme e chacoalha mais que aquele brinquedo Samba no parquinho. De quando eu era criança e tinha medo de vomitar. E eu não comi nada estragado e nem estou ajoelhada no bidê. Eu nem tenho bidê. Mas sinto a eminência de uma ânsia podre e de joelhos o tempo todo. E definitivamente a minha vida não é uma merda. Mas a verdade é que eu sinto o cheiro da bosta mesmo assim.
E eu continuo andando por aí, em pé com minha tristeza. Mas minha sombra está de lado, deitada no chão. Talvez porque assim esteja minha alma. Talvez porque isso seja viver, para quem é de verdade, para quem pensa um pouco, para quem sente um pouco, para quem lê jornal de manhã. Talvez apenas porque é meio dia."

(Tati B)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

maria mena - sorry

"i just poured my heart out, there's bits of it on the floor. and i take what's left of it and rince it under cold water, and called him up for more.and i said "baby, yes, i feel stupid to call you, but i'm lonely, and i don't think you meant it when you said you couldn't love me, and i thought maybe if i kissed the way you do, you'd feel it too." he said "i'm sorry, so sorry.", "i'm sorry, so sorry". he grabs my wrist, as my fingers turn into angry fists, and i whisper "why can't you love me, i'll change for you, i'll play the part." and i say "baby, so i feel stupid to call you, but i'm lonely, and i don't think you meant it when you said you couldn't love me, and i thought maybe if i kissed the way you do, you'd feel it too." he said "i'm sorry, so sorry", "i'm sorry. i am sorry."



três anos. mil e noventa e cinco dias. muitas horas, milhões de segundos. vários pontos, mais interrogações do que eu achei que aguentaria. mas eu aguentei. e depois do ponto final, do dolorido encerramento que não se parece em nada com o final feliz dos contos de fada, eu finalmente entendi. eu tenho só dezesseis anos - que mais se parecem oitenta e quatro, mas relevemos - e minha vida inteira pela frente. eu não vou morrer porque um cara não me quer. "primeiro amor" já tem esse nome que deixa claro que não dura pra sempre, porque senão seria "único" certo? eu ainda vou ter um segundo, um terceiro, um quarto ou quantos forem necessários até eu achar o MEU cara, o MEU amor. eu queria que fosse você, "meu cara certo no lugar e momento errados". eu escrevi isso em uma das cartas que eu escrevi e nunca te mandei. eu sou tão boba, cara... meus olhos estão cheios de lágrimas neste exato momento, e eu odeio minhas lágrimas porque eu quero ser forte e superar tudo, mas eu sou tão pequena e frágil e perdida. eu não sei como continuar agora. o que eu faço? como eu faço? você sempre esteve aqui quando eu me senti assim, e eu queria tanto seus conselhos agora... mas você não ta mais aqui, e tudo que eu consigo pensar é que eu queria você. como amigo. e isso é tão assustador e novo pra mim quanto a vida sem você. eu preciso das suas ideias estúpidas, dos seus erros de português, da sua simplicidade de ver as coisas. eu preciso dos três anos de amizade que a gente construiu mais do que eu pensei precisar do seu amor. porque nós eramos amigos, certo? não foi uma mentira também, não pode ter sido. mas você foi embora, e eu fico aqui escrevendo como se você estivesse lendo, como se você fosse voltar e me dizer o que fazer, e que está tudo bem e que eu vou conseguir, mesmo sozinha ):

"Dan,

Essa não é mais uma carta de amor, nem uma música estúpida. São minhas palavras vazias, minha letra torta e várias linhas cheias. É a poesia fútil e arrogante da minha vida sem você.
Eu deveria rabiscar o "sem você" e dizer apenas "minha vida", certo? Não deveria dividir minha completa existência em antes e depois de você entrar nela. E sair. E entrar. E sair. E entrar. E sair. E cansar. E não voltar mais... E você também percebeu uma ambiguidade em tom sexual ali em cima, né? Eu não sou uma maníaca pervertida... é.
Tá, eu arruinei a droga da poesia. Mas o que sobra então? O que sobra quando eu não tenho mais as palavras complicadas, as figuras de linguagem e toda a palhaçada das aulas de literatura? O que sobra quando sou apenas eu, minhas palavras simples e toda a exposição da qual eu tanto fujo? Quando é o meu coração revirado de cabeça pra baixo, com todos os sentimentos jogados no chão pra todo mundo ver, tropeçar, julgar? Quando meu escudo de grosseria e frieza está desmanchando... O que diabos eu faço? Eu não posso simplesmente recolocar tudo no lugar, arrumar a bagunça. Eu não sei mais como fazer isso. Minhas paredes estão caindo e eu não consigo mantê-las de pé, porque eu choro no ônibus quando vejo o filho da puta do meu vizinho que é seu clone, e meu coração sangra quando o personagem de um livro faz algo muito seu, e eu tenho um colapso quando mencionam morsas e fico com aquele sorriso bobo (que você disse que era cara de apaixonada quando me viu na web cam) grudado em meus lábios. Meus labios tão virgens e puros quanto eu - porque eu não acredito que possa ter outro primeiro a não ser você, então ao meu ver ninguém existiu antes e nem existirá depois.
E quando eu te machuco é só por não saber lidar com tanto sentimento. Por que eu estou perdida, sozinha, assustada, me afogando em amor e raiva e insegurança. E eu preciso de você pra ser a droga do cara que vai me salvar e mostrar a direção certa. Que vai me fazer companhia e me proteger.
Amar é um saco. Porque é confuso, agoniante, incerto, passageiro, instável, difícil, complicado... e às vezes simplesmente acaba. Acabou? Você não me ama? Sente muito mas não há o que fazer? Só me conta, por favor, porque eu não consigo enxergar direito nessa atual escuridão. E se realmente acabou como você espera que eu perceba sozinha? Logo eu, que sou péssimas pra finais e nunca soube encerrar nem texto nem conversas ao telefone? Então se acabou pra você tenha a decência, que eu sempre achei que você tinha, de me contar. Mas também entenda que pra mim não acabou, e todo esse amor corre inteiramente em meu sangue O+ e só irá acabar quando eu estiver livre, voando em milhares de cinzas do alto de um local a ser escolhido. Entenda que eu não sei como concluir nossa narrativa totalmente dramática, que sempre me pega de surpresa quando eu penso que atingiu o capítulo final e se mostra apenas acrescentando mais um emocionante capítulo no meio do enredo. Entenda, enfim, que eu não quero que essa história termine. Você entende, certo? Mas claro que entende, você é um homem intenligente e... e por mais estranho que isso soe, é exatamente isso que você é: homem. Enquanto eu sou menina, e isso atrapalha. Eu sou meio boba, meio ingênua, meio pequena (em todos os sentidos aplicáveis) e isso realmente atrapalha. Queria escrever agora que você merecia uma mulher. Linda, estável e confiante, mas meu egoísmo não me permite e ainda me faz acreditar que eu posso ser a pessoa certa pra você. Porque se eu não for, então do que adianta você ser meu cara certo?

Juiz de Fora, 10 de Março de 2010.
Tay"


Eu queria digitar a primeira carta, mas ela era muito grande e cheia de desenhos e coisas impossíveis de reproduzir aqui. E ela era muito vergonhosa, já que eu cheguei ao cúmulo de te pedir em casamento. Em letra grandes. E vermelhas.
Não sei porque digitei tudo isso, já que essa carta não se encaixa nesse momento, mas achei uma pena deixa-la guardada pra sempre, só esperando o tempo arruinar o papel, a tinta, e meu perfume adolescentemente borrifado nela, sem nunca atingir seu original objetivo que era ser lida. E eu também não sei porque eu sinto tanto a sua falta, a ponto de não te odiar mais, não me importar com suas opções, não me sentir mais jogada, cortada, aberta, morta. Mas eu digitei e sinto sua falta. E tudo que eu quero é conversar com você, pelo menos mais uma vez, mesmo que eu nem saiba o que falar se você aparecer de novo ): e eu ainda te amo, de um jeito diferente, nada romântico e ainda menos normal, mas amo. e isso não é nada ruim ou destrutivo, só é... triste e patético, mas eu não acho que possa fazer nada a respeito disso.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

banda eva - faltando um beijo

"como mostrar que te quero pra mim? como dizer tudo que eu preparei? como fingir se eu já me entreguei a você? quando me debrucei nos teus braços e descansei... como lembrar de você e não sorrir? como falar de você e não cantar? como saber se é certo sonhar com você? se eu devo seguir os seus passos e acreditar no amor que escolheu a nossa casa pra morar"


estou em uma fase meio pós-dormência. com sentimentos formigando de leve na pontinha do meu pé, com as felicidades pequenas (prazeres amélie poulain) como o cachorro quente delicinha que eu saboreio enquanto digito esse texto (sou ninja) e meus sapatos novos que me deixam linda preenchendo vagarosamente o lugar daquela tristeza toda que ainda existe em mim, só não tão forte. eu queria vir aqui e escrever e escrever e escrever. encher o saco de todo mundo com tanto texto e falar de tudo o que eu estou voltando a sentir, mas se eu fizer isso eu não terei tempo de vivenciar isso. e eu acho de extrema importância que eu vivencie. então eu estou dando um tempo dos meus textinhos Q mas como eu nunca postei arduamente, não fará muita diferença para os meus pseudo-leitores. anyway, é isso. fim


e eu gostaria de agradecer às pessoas que lêem minhas bobeiras, que me deixam sempre muito feliz quando eu entro aqui e vejo que o contador subiu, que eu tenho um novo seguidor ou que alguém foi super legal e comentou qualquer coisa. eu quase nunca respondi comentários porque eu sou anti-social, mas do fundo do meu coraçãozinho: muito obrigada *-*



ps: eu vou no show da banda eva (weeeeeeee!) e por isso fiz post com a música, mas não combina em nada com o texto, ou com nada mesmo. e eu sei que ouvir eva contraria todo o resto do meu gosto musical, mas eu realmente me perco pelo saulo e fim. RIRI

sexta-feira, 18 de junho de 2010

nowadays - roxie and velma (chicago)

"you can like the life you're living, you can live the life you like. you can even marry Harry but mess around with Ike. and that's good, isn't it? grand, isn't it? great, isn't it? swell, isn't it? fun, isn't it? but nothing stays. in fifty years or so, it's gonna change, you know. but, oh, it's heaven nowadays."



a gente sobe lá no alto e encosta no céu sempre sabendo que a queda será o próximo passo. a gente dá cada passo inseguro de inicinho pensando "vou cair, vou cair", mas depois a gente esquece, fica confiante, arrisca uns pulinhos, faz graça e esquece da queda. mas ela chega, e então é uma surpresa tão grande que nem parece que tínhamos conhecimento prévio quando assinamos o contrato e mudamos o status no site de relacionamento idiota. e depois? não tinha nada escrito em letras miúdas no verso da folha, não tinha uma cama elástica esperando para amparar nosso tombo. só tinha o chão. duro, firme e frio, esfregando bem na sua cara que ele já sabia disso desde o começo e que não tem porque teimar com as forças indiscutíveis da gravidade. e só o tombo já dói, então porque cargas d'água a vida tem que piorar tudo? só de ter subido, só de ter caído, só de ter amado e depois perdido já machuca, mas saber que era mentira o tempo todo, é pior do que cair abrindo um buraco no chão e só parar quando encostar no pé do capeta. não era amor, nunca foi. não era nem um gostar disfarçado, nem um querer inexplicável, não era nada. não poderia ser nada. foi a falta de confiança no próprio taco, um "ah, ela nem vai gostar de mim de verdade". mentira. desde o início até o término. incluindo no meio do caminho os "eu te amo" e as palavras lindas e mal digitadas que me fizeram chorar. e eu me arrependo. de todas as vezes que meu coração derreteu com suas mensagens, de todas as vezes que eu fiquei ansiosa com a possibilidade de te ver, de todos os sonhos que eu tive, de toda a culpa por coisas que eu não precisava me culpar, de toda a ilusão que você me fez criar. me arrependo dos dois anos em que eu contruí minha vida ao seu redor, porque agora que você foi embora eu não tenho nada. só as lembranças ruins, esse amargo na boca, os pedaços pávidos do meu coração e essa depressão que não passou e nem vai passar. porque você ta feliz, ta gay, ta vivendo. e eu odeio cada pedaço inútil dessa sua cara de filho da puta que acha que é o centro do mundo e não se importa em usar as pessoas, e eu realmente espero te encontrar com toda a sua ignorancia do que está acontecendo comigo qualquer dia desses, porque então eu provavelmente irei vomitar minhas palavras (que eu não ousei digitar aqui por ter um pouquinho de respeito a quem vai ler isso - ou não) em você e a partir daí, eu é que vou viver.

domingo, 13 de junho de 2010

não vou me adaptar - nando reis


"eu não caibo mais nas roupas que eu cabia, eu não encho mais a casa de alegria. os anos se passaram enquanto eu dormia, e quem eu queria bem me esquecia. será que eu falei o que ninguém ouvia? será que eu escutei o que ninguém dizia? eu não vou me adaptar! não vou me adaptar!"

eu reparei que tenho um enorme complexo com gays. de verdade. eu sempre me apaixono por eles e acho lindos e quero pra mim. deve ser por causa do meu eterno carma de desgostar de quem gosta de mim, da minha mania de achar que se alguém gosta de mim e me aceita estranha como eu sei que sou, essa pessoa só pode ser louca e com tendências psicóticas. e eu estou sempre buscando o impossível e inalcançável, querendo quem não me quer e sofrendo por isso. mas o problema é que eu gosto. de sofrer, chorar, me descabelar por um cara que não está nem aí se eu estou viva ou morta. puta masoquista problemática que sou, eu sei, eu sei... então eu sempre gosto desses caras gays, sem perceber que eles são gays. e eu tenho um histórico de cinco anos disso, então não são acontecimentos esporádicos de uma mulher se interessar por um cara gay de vez em quando, que é super normal. porque primeiramente eu não percebo a homosexualidade deles e só enxergo isso quando já é muito tarde e meu coração está apertado de sentimentos idiotas. e eu nem mesmo tenho uma conclusão pra esse post, só queria escrever isso pra tornar meu problema real e ver se dou um jeito de parar com isso. porque se apaixonar por caras gays é definitivamente a coisa mais deprimente da minha existência. câmbio, desligo.

domingo, 30 de maio de 2010

talk is cheap - nsn

"everyone around me is always just a talking, but the talkers keep talking, all fell up in the walkers. i will never know, cause i will never go, there. because talk is cheap, but liquor is cheaper. and if your looking for a good time, just hit me on my beeper. cause i got news for you: i'm just as sad as you. i'ts true. cause my whole life is not what it seems, i'ts not a fairytale or a damn wet dream. i'ts just a life. a good time, oh some good times."


é essa solidão cercada de acordes tristes no piano. essa melancolia acompanhada pelas cordas do violino. é esse vazio que escapa do meu peito e transborda no quarto, na sala, nos corredores, nas casas, nas ruas, no mundo. é esse tédio e essa monotonia. é essa vida. sem graça. chata. repetitiva. sem sentido. continue seguindo, vá sempre em frente, mas saiba que você não vai chegar a lugar algum. porque a gente ta aqui é pra isso. é só o colégio, as fofocas, as pessas falsas. só o ônibus até em casa, o vizinho estranho apressado, a comida que quase não tem mais gosto. só. não tem mágica. não tem trombada com o príncipe encantado, nem felicidade, nem arco-íris, nem nada. só essa rotina imutável e essas mudanças rotineiras. porque hoje o ônibus atrasou e você não conseguiu chegar a tempo pra aula. mas não ache que o garoto mais bonito do colégio também vai ter atrasado e vai sentar do seu lado e perceber que você é diferente, e achar o seu diferente bonito. porque isso não vai acontecer. nada vai acontecer. você chega atrasada e nunca mais entende química porque a professora ensinou algo totalmente dificil e importante justo naquela aula, e é só isso. sem mágica, viu? só sofrimento. só monotonia. você segue em frente porque está presa no automático, nem pensa antes de fazer. mecânico. é uma vida mecânica e não, não vai ficar melhor do que isso.

domingo, 23 de maio de 2010

naive - the kooks

"i'm not saying it was your fault, although you could have done more. oh, you're so naive yet so. how could this be done by such a smiling sweetheart? oh, and your sweet and pretty face in such an ugly way, something so beautiful, that everytime i look inside, i know she knows that i'm not fond of asking, true or false it may be, she's still out to get me. i know she knows that i'm not fond of asking, true or false it may be, she's still out to get me. i may say it was your fault cause i know you could have done more."


tenho andado deprimida. isso não é nada novo, mas eu percebi hoje que isso não é meu estado de espírito todo o tempo. eu tenho andado deprimida quando estou em contato com pessoas. eu me sinto vazia e perdida quando alguém conversa comigo, e me sinto deslocada andando nos corredores verdes do colégio, me sinto mal quando fico sozinha com minha melhor amiga e não tenho nada pra falar com ela... porque eu até falaria com ela, mas aah, que preguiça de abrir a boca, e fingir que eu to feliz e que gosto tanto dela. mas eu gosto tanto dela, eu só não gosto das pessoas. não mais. não nunca. todo esse meu anti-socialismo sempre esteve aqui comigo, eu só nunca tinha me dado conta disso. e agora eu descobri ele e não largo. porque eu tenho preguiça, sabe? de falar com as pessoas, de sorrir, de olhar, de perguntar se está tudo bem, porque eu não quero saber e na verdade eu quero que nada esteja bem, porque comigo não está nada bem. eu passo o dia contando as horas pra chegar em casa e assitir algum seriado qualquer. é quando me sinto salva. eu estou sentada na frente do computador e o dean está sendo lindo e badass como sempre. ta tudo bem, porque eu sempre vou ter a meredith pra me fazer pensar e chorar e me dar segurança. e eu não tenho nenhuma problema, porque olha só a tara, tem várias personalidades e está vivendo bem, não ta? mas aí acabam os episódios e o download ainda não terminou, e a ida maria fica repetindo que ela tem alguém que a mantém aquecida e eu sinto tanta inveja, porque eu não tenho ninguém e nunca vou ter. porque eu não gosto das pessoas e então elas terminam por gostar de mim à distância, a pensar que eu sou tão legal lá longe na campina, porque eu nunca falo nada com elas e nem dou abertura pra elas falarem. e eu sempre termino querendo escrever alguma coisa sobre isso, mas aah, que preguiça, porque são pessoas que vão ler (ou não) essa droga de texto, e eu não gosto de pessoas. mas eu queria tanto tanto tanto que elas gostassem de mim...