emily dickinson

Uma palavra morre Pois eu digo
Quando é dita Que ela nasce
— Dir-se-ia Nesse dia.

domingo, 12 de setembro de 2010

warning sign - coldplay

"a warning sign. i missed the good part then i realised i started looking and the bubble burst, i started looking for excuses. come on in, i've got to tell you what a state i'm in, i've got to tell you in my loudest tones, that i started looking for a warning sign. when the truth is i miss you, yeah, the truth is that i miss you so. a warning sign, you came back to haunt me and i realised that you were an island and i passed you by, and you were an island to discover."



Às vezes minha arrogância não deixa e eu queria me cortar. Ela não deixa e eu queria cortar alguém. Ela não deixa e eu quero pular da janela, dormir meses, tratar alguém mal, pouco me importar, quebrar tudo, fazer algo terrível, nunca mais fazer nada. Ela não deixa e eu passo meu batom e vou disfarçar meu desespero por aí. Minha arrogância não admite, não permite, mas não é nada disso, é só tristeza. Eu estou triste de uma tristeza absurda. Muito triste. Quase não dá pra suportar, mas dá. Eu nem choro porque é daquelas tristezas que o choro sai em berros e eu ainda estou na casa da minha mãe, não posso berrar assim, do nada. E nem resolveria. Nada resolve. Triste. Só isso. Ninguém vai morrer e nem eu. O pintor terminou a parede lilás e eu vou pagar o pintor. O Kiko me arrumou um freela e eu vou fazer. Hoje tem a festa do Rodrigo e eu vou. Amanhã vou apresentar o começo da minha peça de teatro e talvez eu sinta uma quase alegria. Mas aí vou ficar triste porque minha pouca alegria, esse soprinho de vida, me lembra que depois vem isso. Essa coisa ruim. E piorada. Então nem subo pra não descer. Fico aqui, na minha catatonia de tristeza. Porque a tristeza, pra me desesperar mais ainda, não tem desespero. Ela é o que é. E as coisas sem desespero é que são verdadeiramente tristes. Ser normal é isso. Madura. Mulher. É combinar com o marceneiro a largura da prateleira querendo morrer. É dar seta e virar a direita querendo morrer. É levar a nota fiscal querendo morrer. É passar as notícias do jornal fazendo xixi e querendo morrer. E não morrer. É sentir a maior loucura do mundo dentro de si, a maior dor do mundo dentro de si, a maior preguiça do universo dentro de si, e simplesmente apertar o andar do apartamento no elevador marcando dez da noite, comer um quiche, combinar o ano novo, deixar uma frestinha aberta, trocar a sandália, alinhar os livros. Odeio o mundo estragado em que vivo. A yoga não me dá nenhuma paz, os amigos não tiram essa bola de pêlo cortante da minha goela, reuniões de trabalho ou de comemorações são sempre intermináveis e com pessoas que parecem mais vivas e felizes do que eu, ou exatamente o contrário, dormir é acordar de meia em meia hora e repensar de novo e de novo e de novo. Odeio morar dentro de mim, esse ser que sou eu e que não me faz feliz e nem me deixa dormir. Esse ser que está sempre em outro lugar, no lugar de sentir todas essas coisas. No único lugar de sempre, esperando, esperando, doendo, doendo, cheio de si nos dois sentidos. Mas é a arrogância de novo. Querendo odiar. Querendo entender. Querendo doer mais que todo mundo, querendo não ser. Mas não é ódio e nem nada. É tristeza. Muita. E uma vontade enorme de sair daqui. Uma vontade minúscula perto do tamanho da minha tristeza. Eu que sempre vou embora de todos os lugares, acabo sempre chegando a conclusão que a tristeza é o único lugar do qual jamais se vai embora. Quero fazer alguma coisa. Botar uma música, racionalizar, me dopar, me agarrar em outras coisas, exorcizar tudo. Nada, nada. A tristeza fica lá, sentada no meu peito, imperial, enorme, antiga, centenária, senhora do mundo, gigantesca, verdadeira, absurdamente verdadeira. Dizendo que não tem jeito não. É isso ou ser arrogante demais pra não existir. Então, é a tristeza. Como se isso fosse alguma coisa pouca, ainda que seja absurdamente só.


(Tati B.)

acho incrível como ela sabe escrever exatamente o que eu sinto.

sábado, 11 de setembro de 2010

my party is better than yours - emmy the great II

"i'm having a party but you're not invited, pizza and fizzy-pop it's all so exciting. sardines and musical chairs, what a shame that you're not here, but you're not my friend anymore. you've made your position quite clear from your distance, what crime have i done that negates my existence? me and all of my other chums, will sit and talk till the evening comes, cause you're not our friend anymore. we'll have fezzek and everyone leaves with a present, kisses and hugs, it's so pleasant, peaceful, and i... i hate you, i hope that you die. i'm having a party and i hope that you know this, spend friday alone and pretend not to notice. all of the stupid things you've done, i know and i'm telling everyone, cause you're not my best friend anymore. and tomorrow i will find a new friend from the new friend shop, and my friend you are not and i hate you as much as i miss you."


em tempos mais simples eu iria correr para os seus braços e a gente ia combinar de assistir algum filme engraçado e romântico que ia nos fazer chorar e depois a gente ia conversar até encontrarmos nosso sono. em tempos melhores, eu sabia que você - de todas as pessoas no mundo - iria me entender, me acolher, saber exatamente o que falar e o que fazer. em tempos mais felizes, você seria a parte de mim que vivia em outra pessoa, seria minha certeza no meio da confusão que sempre me rodeou. mas os tempos simples, melhores e felizes nunca duram, certo? hoje - nesses tempos sombrios - eu não tenho mais nada. e no fundo, eu não me importo tanto quanto queria ou deveria, porque eu desenvolvi essa super capacidade de deixar meus sentimentos em um absurdo estado de dormência, mas eu ainda te odeio por me abandonar quando eu mais preciso e não saber como me trazer de volta desse buraco negro que eu chamo de vida no momento, quase tanto quanto eu sinto sua falta. nossa falta.

sábado, 4 de setembro de 2010

swallowed in the sea - coldplay



"you cut me down a tree and brought it back to me, and that’s what made me see where i was going wrong. you put me on a shelf and kept me for yourself. i can only blame myself, you can only blame me. and i could write a song a hundred miles long, well, that's where i belong and you belong with me. and i could write it down or spread it all around, get lost and then get found or swallowed in the sea."


Maybe that's it. Maybe I wasn't meant to have friends and lovers and people around. Maybe I'm just here to be lonely and cry and having olny movies, books and music for comfort. Maybe I wasn't built the right way and that's why I'll never fit anywhere, no matter how hard I try or how much it hurts. Perhaps there's somewhere out in the space where a bunch of people made just like me are happy and laugh together and have nice cups of coffee sitting in their big yards with all those trees around, and they just sent me to the wrong world and that's why now I'm so fucking lost and miserable.


"a solidão às vezes é tão nítida como uma companhia"


Não sei porque mas às vezes escrever em inglês me conforta mais do que em português.


Bem, fiquei mil anos sem postar aqui porque estava sem tempo. Ou sem paciência. Nada mais me agrada, nada mais me satisfaz, então escrever aqui havia se tornado só outro hábito sem sentido. Mas eu espero que isso tenha passado, ou esteja passando.