emily dickinson

Uma palavra morre Pois eu digo
Quando é dita Que ela nasce
— Dir-se-ia Nesse dia.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

é.

Quero que todos os dias do ano, todos os dias da vida, de meia em meia hora, de 5 em 5 minutos, me digas: Eu te amo. Ouvindo-te dizer "eu te amo" creio, no momento, que sou amada. No momento anterior e no seguinte, como sabê-lo? Quero que me repitas até a exaustão, que me amas que me amas que me amas. Do contrário evapora-se a amação, pois ao não dizer: Eu te amo, desmentes, apagas teu amor por mim. Exijo de ti o perene comunicado. Não exijo senão isto, isto sempre, isto cada vez mais. Quero ser amada por e em tua palavra, nem sei de outra maneira a não ser esta, de reconhecer o dom amoroso, a perfeita maneira de saber-se amado: amor na raiz da palavra e na sua emissão, amor, saltando da língua nacional, amor, feito som, vibração espacial. No momento em que não me dizes: Eu te amo, inexoravelmente sei, que deixaste de amar-me, que nunca me amastes antes. Se não me disseres urgente repetido: Eu te amoamoamoamoamo, verdade fulminante que acabas de desentranhar, eu me precipito no caos, essa coleção de objetos de não-amor. Carlos Drummond de Andrade

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