emily dickinson

Uma palavra morre Pois eu digo
Quando é dita Que ela nasce
— Dir-se-ia Nesse dia.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

maria mena - sorry

"i just poured my heart out, there's bits of it on the floor. and i take what's left of it and rince it under cold water, and called him up for more.and i said "baby, yes, i feel stupid to call you, but i'm lonely, and i don't think you meant it when you said you couldn't love me, and i thought maybe if i kissed the way you do, you'd feel it too." he said "i'm sorry, so sorry.", "i'm sorry, so sorry". he grabs my wrist, as my fingers turn into angry fists, and i whisper "why can't you love me, i'll change for you, i'll play the part." and i say "baby, so i feel stupid to call you, but i'm lonely, and i don't think you meant it when you said you couldn't love me, and i thought maybe if i kissed the way you do, you'd feel it too." he said "i'm sorry, so sorry", "i'm sorry. i am sorry."



três anos. mil e noventa e cinco dias. muitas horas, milhões de segundos. vários pontos, mais interrogações do que eu achei que aguentaria. mas eu aguentei. e depois do ponto final, do dolorido encerramento que não se parece em nada com o final feliz dos contos de fada, eu finalmente entendi. eu tenho só dezesseis anos - que mais se parecem oitenta e quatro, mas relevemos - e minha vida inteira pela frente. eu não vou morrer porque um cara não me quer. "primeiro amor" já tem esse nome que deixa claro que não dura pra sempre, porque senão seria "único" certo? eu ainda vou ter um segundo, um terceiro, um quarto ou quantos forem necessários até eu achar o MEU cara, o MEU amor. eu queria que fosse você, "meu cara certo no lugar e momento errados". eu escrevi isso em uma das cartas que eu escrevi e nunca te mandei. eu sou tão boba, cara... meus olhos estão cheios de lágrimas neste exato momento, e eu odeio minhas lágrimas porque eu quero ser forte e superar tudo, mas eu sou tão pequena e frágil e perdida. eu não sei como continuar agora. o que eu faço? como eu faço? você sempre esteve aqui quando eu me senti assim, e eu queria tanto seus conselhos agora... mas você não ta mais aqui, e tudo que eu consigo pensar é que eu queria você. como amigo. e isso é tão assustador e novo pra mim quanto a vida sem você. eu preciso das suas ideias estúpidas, dos seus erros de português, da sua simplicidade de ver as coisas. eu preciso dos três anos de amizade que a gente construiu mais do que eu pensei precisar do seu amor. porque nós eramos amigos, certo? não foi uma mentira também, não pode ter sido. mas você foi embora, e eu fico aqui escrevendo como se você estivesse lendo, como se você fosse voltar e me dizer o que fazer, e que está tudo bem e que eu vou conseguir, mesmo sozinha ):

"Dan,

Essa não é mais uma carta de amor, nem uma música estúpida. São minhas palavras vazias, minha letra torta e várias linhas cheias. É a poesia fútil e arrogante da minha vida sem você.
Eu deveria rabiscar o "sem você" e dizer apenas "minha vida", certo? Não deveria dividir minha completa existência em antes e depois de você entrar nela. E sair. E entrar. E sair. E entrar. E sair. E cansar. E não voltar mais... E você também percebeu uma ambiguidade em tom sexual ali em cima, né? Eu não sou uma maníaca pervertida... é.
Tá, eu arruinei a droga da poesia. Mas o que sobra então? O que sobra quando eu não tenho mais as palavras complicadas, as figuras de linguagem e toda a palhaçada das aulas de literatura? O que sobra quando sou apenas eu, minhas palavras simples e toda a exposição da qual eu tanto fujo? Quando é o meu coração revirado de cabeça pra baixo, com todos os sentimentos jogados no chão pra todo mundo ver, tropeçar, julgar? Quando meu escudo de grosseria e frieza está desmanchando... O que diabos eu faço? Eu não posso simplesmente recolocar tudo no lugar, arrumar a bagunça. Eu não sei mais como fazer isso. Minhas paredes estão caindo e eu não consigo mantê-las de pé, porque eu choro no ônibus quando vejo o filho da puta do meu vizinho que é seu clone, e meu coração sangra quando o personagem de um livro faz algo muito seu, e eu tenho um colapso quando mencionam morsas e fico com aquele sorriso bobo (que você disse que era cara de apaixonada quando me viu na web cam) grudado em meus lábios. Meus labios tão virgens e puros quanto eu - porque eu não acredito que possa ter outro primeiro a não ser você, então ao meu ver ninguém existiu antes e nem existirá depois.
E quando eu te machuco é só por não saber lidar com tanto sentimento. Por que eu estou perdida, sozinha, assustada, me afogando em amor e raiva e insegurança. E eu preciso de você pra ser a droga do cara que vai me salvar e mostrar a direção certa. Que vai me fazer companhia e me proteger.
Amar é um saco. Porque é confuso, agoniante, incerto, passageiro, instável, difícil, complicado... e às vezes simplesmente acaba. Acabou? Você não me ama? Sente muito mas não há o que fazer? Só me conta, por favor, porque eu não consigo enxergar direito nessa atual escuridão. E se realmente acabou como você espera que eu perceba sozinha? Logo eu, que sou péssimas pra finais e nunca soube encerrar nem texto nem conversas ao telefone? Então se acabou pra você tenha a decência, que eu sempre achei que você tinha, de me contar. Mas também entenda que pra mim não acabou, e todo esse amor corre inteiramente em meu sangue O+ e só irá acabar quando eu estiver livre, voando em milhares de cinzas do alto de um local a ser escolhido. Entenda que eu não sei como concluir nossa narrativa totalmente dramática, que sempre me pega de surpresa quando eu penso que atingiu o capítulo final e se mostra apenas acrescentando mais um emocionante capítulo no meio do enredo. Entenda, enfim, que eu não quero que essa história termine. Você entende, certo? Mas claro que entende, você é um homem intenligente e... e por mais estranho que isso soe, é exatamente isso que você é: homem. Enquanto eu sou menina, e isso atrapalha. Eu sou meio boba, meio ingênua, meio pequena (em todos os sentidos aplicáveis) e isso realmente atrapalha. Queria escrever agora que você merecia uma mulher. Linda, estável e confiante, mas meu egoísmo não me permite e ainda me faz acreditar que eu posso ser a pessoa certa pra você. Porque se eu não for, então do que adianta você ser meu cara certo?

Juiz de Fora, 10 de Março de 2010.
Tay"


Eu queria digitar a primeira carta, mas ela era muito grande e cheia de desenhos e coisas impossíveis de reproduzir aqui. E ela era muito vergonhosa, já que eu cheguei ao cúmulo de te pedir em casamento. Em letra grandes. E vermelhas.
Não sei porque digitei tudo isso, já que essa carta não se encaixa nesse momento, mas achei uma pena deixa-la guardada pra sempre, só esperando o tempo arruinar o papel, a tinta, e meu perfume adolescentemente borrifado nela, sem nunca atingir seu original objetivo que era ser lida. E eu também não sei porque eu sinto tanto a sua falta, a ponto de não te odiar mais, não me importar com suas opções, não me sentir mais jogada, cortada, aberta, morta. Mas eu digitei e sinto sua falta. E tudo que eu quero é conversar com você, pelo menos mais uma vez, mesmo que eu nem saiba o que falar se você aparecer de novo ): e eu ainda te amo, de um jeito diferente, nada romântico e ainda menos normal, mas amo. e isso não é nada ruim ou destrutivo, só é... triste e patético, mas eu não acho que possa fazer nada a respeito disso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário