emily dickinson

Uma palavra morre Pois eu digo
Quando é dita Que ela nasce
— Dir-se-ia Nesse dia.

domingo, 28 de março de 2010

trinta e oito

"roupas no varal, chuva de verão. os dias outros no quintal vão me dando a direção. se você perguntar o que eu fiz, se você quer saber o que eu quis. ah, o tempo passa e eu penso demais, pode ser que eu tenha te deixado pra trás. e eu sigo. e eu minto. e eu sinto."


As horas passaram e eu nem vi. De repente as estrelas ainda estão lá no céu, mas eu nem me lembro de olhar pra cima para enxergar. A vida passa correndo pela minha frente e eu apenas me deixo levar pelo embalo da multidão da monotonia que me arrasta e nem percebo. Não percebo as cores, as conversas, as músicas. Tudo tão ainda lá, tão não mais em lugar nenhum. Você foi embora. Sem se despedir, sem avisar, apenas foi embora. E eu no meu costume de sempre te reencontrar esqueci de notar sua falta. Mas meu coração latente de sentimentos notou, e nota e sempre notará. Eu estou prendendo a respiração esperando sua volta, e realmente torcendo pra você não me deixar morrer, não deixar o ar não atingir meus pulmões de novo. Há 38 dias atrás eu podia dizer que eu era alguém. Eu tinha um propósito, tinha alegria, tinha fogo, vida. Há 38 dias atrás, daquele nosso jeito confuso e estranho, você era meu e eu era sua. E agora só tenho minhas incertezas e interrogações para ocupar minha possessividade insana. Você estava aqui do meu lado - mesmo que estando há vários quilometros de distância - e eu não conseguia nem respirar com tanto você infestando todas as minhas ações e pensamentos, mas eu nunca sentiria falta do oxigênio contanto que eu pudesse ter você. Eu nunca apreciei verdadeiramente ter um tempo pra mim mesma... Eu não sei viver comigo, só. Eu só sei viver por outro, por osmose. E eu já não sei se consigo superar meus medos, implicancias, nervosismos e chatisses para encontrar um outro alguém. Eu não sei se eu tenho força e coragem pra sair e deixar outro entrar, pra me abrir, ficar vulnerável, me sentir fora de controle e nada dona da situação, e pequena e ingênua. Eu não sei se vou conseguir olhar pra outra pessoa na rua e não me sentir intimidada. Há 38 dias atrás eu era um livro de poesias completo, o seu favorito. Hoje eu sou apenas o rascunho inacabado de linhas tortas e páginas amassadas que você não quer mais.

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